Princípios Para a Ordem Mundial Em Transformação - Resenha crítica - Ray Dalio
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Princípios Para a Ordem Mundial Em Transformação - resenha crítica

Princípios Para a Ordem Mundial Em Transformação Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
Sociedade & Política

Este microbook é uma resenha crítica da obra: 

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 978-1-9821-6027-2

Editora: Avid Reader Press / Simon & Schuster

Resenha crítica

O grande ciclo

Os grandes impérios da antiguidade, de acordo com o autor, fundamentaram a sua prosperidade econômica na reserva de riquezas materiais, lastreadas, na maioria das vezes, em ouro. Sem exceção, todos experimentaram um ciclo de dívida de longo prazo.

Nos dias atuais, em que o dólar (não mais o ouro) funciona como o equivalente geral para mensurar a riqueza das nações, os governos politicamente fragmentados tentam superar suas dificuldades financeiras imprimindo mais dólares (no caso dos Estados Unidos) ou amortizando os juros de empréstimos passados (como no Brasil).

Essa lógica ocorre em meio aos crescentes embates entre as duas maiores potências (China e Estados Unidos) nas mais distintas áreas: geopolítica, mercado de capitais, tecnologia e desenvolvimento, comércio, agricultura, dentre outras.

Além disso, a pandemia do Novo Coronavírus influencia todas as decisões e muda radicalmente todas as previsões. Simultaneamente, os melhores estrategistas atuam, com o auxílio da inteligência computacional, para engendrar novas formas de superar esses desafios.

Apesar da complexidade inerente à compreensão de um grande ciclo (sobretudo, quando ainda estamos vivendo nele), o tom de Dalio é otimista ao sustentar que passaremos por esse momento difícil, embora algumas mudanças dramáticas sejam, de fato, irreversíveis.

O ciclo do dinheiro

De acordo com Dalio, a maioria das pessoas (e dos países) deseja riqueza e poder. Desse modo, o dinheiro e o crédito funcionam como molas propulsoras. Quem não entende essa relação dialética não compreenderá, também, como as economias nacionais prosperam ou fracassam.

Todas as instituições (empresas, organizações sem fins lucrativos, governos) lidam com as mesmas realidades financeiras básicas. Afinal, elas contam com a entrada de recursos (receita) e com sua saída (despesas). A diferença entre ambos os movimentos representa, portanto, a renda líquida disponível.

Esses fluxos são mensurados em números que aparecem nas demonstrações de resultados. Se uma instituição arrecada mais do que gasta, terá lucro e, assim, a sua riqueza aumentará. Caso uma organização gaste mais do que ganha, a sua fortuna sofrerá perdas que, em geral, são compensadas por meio de empréstimos ou financiamentos.

Quando uma determinada instituição possui muito mais ativos do que passivos (isto é, um grande patrimônio líquido), poderá gastar acima de sua receita, vendendo ativos até que o dinheiro acabe. A partir desse ponto, será forçada a reduzir as suas despesas.

Essa dinâmica explica, em linhas gerais, como o ciclo do dinheiro se estabelece e influencia tanto a qualidade de vida das pessoas envolvidas (cidadãos, sócios ou proprietários) quanto a sua liberdade econômica.

Ordem e desordem interna

Uma das inovações importantes da abordagem econômica de Dalio consiste em sua ênfase nas interações sociais. Para o autor, esse fator é um dos principais impulsionadores dos resultados econômicos de uma sociedade.

Existe, em cada país, sistemas ou “ordens” que regulam as formas pelas quais as pessoas se comportam umas com as outras. Tais normas (escritas ou não) e comportamentos produzem consequências relevantes.

Os conceitos de “ordem” e “desordem” interna, portanto, causam efeitos universais que determinam as mudanças sociais e econômicas atravessadas por um povo em determinado período.

As pesquisas realizadas pelo nosso autor evidenciam, por exemplo, que as ordens internas se articulam às alterações na chamada “ordem mundial” (ou seja, os fatores que delimitam as correlações de poder entre os países).

A constante luta por riqueza e poder gera padrões que se repetem ao longo do tempo, produzindo sistemas internos em constante evolução. Essas lutas influenciam aspectos da vida cotidiana que, apenas aparentemente, não estão conectados, como a religião e as ideologias.

Agora que chegamos na metade da leitura, vamos nos aprofundar em alguns dos principais referenciais teóricos para compreender o mundo contemporâneo.

Isso incluirá os riscos geopolíticos existentes, a guerra tecnológica travada entre Estados Unidos e China e, ainda, o papel desempenhado pela criatividade humana na construção de um futuro melhor para todos.

Riscos geopolíticos

Guerras sem sentido eclodem, muitas vezes, como o resultado de um processo de escalada armamentista. Nesse âmbito, os governos nacionais consideram que é necessário responder, até mesmo, às pequenas ações de um país rival.

Os governantes buscam evitar, acima de tudo, que a sua pátria seja vista como “fraca” no cenário geopolítico. Por mais que os respectivos cidadãos sejam pacíficos, essa política externa impede a compreensão das reais motivações econômicas de cada Estado.

A história nos mostra que isso é um problema grave, sobretudo, para os impérios em declínio, pois estes tendem a adotar posturas beligerantes insensatas. Afinal, qualquer recuo passa a ser visto como uma derrota.

Dalio oferece o exemplo de Taiwan. Mesmo que mobilizar os recursos do Tesouro estadunidense para defender este pequenino Estado pareça ilógico, os governantes acreditam que é essencial demonstrar “força” perante as ofensivas chinesas.

Ademais, uma suposta “derrota” pode fazer com que os líderes pareçam incapazes aos olhos de seus eleitores. Calculam, então, que isso lhes custará o apoio político de que precisam para se manterem no poder.

Evidentemente, erros de cálculo (motivados por mal-entendidos dessa natureza) quando os conflitos estão ocorrendo são igualmente perigosos. Todas essas dinâmicas criam fortes impulsos para a declaração de guerras, embora conflitos mutuamente destrutivos sejam muito piores do que a cooperação pacífica ou a competição estritamente comercial.

Há, também, o risco de que uma retórica emocional e falsa seja disseminada pelos Estados Unidos e pela China, gerando uma atmosfera contenciosa. O autor cita uma pesquisa, recentemente divulgada pelo Pew Research Center (instituto de pesquisa sediado em Washington), revelando um importante aspecto do mundo contemporâneo.

De acordo com esse levantamento, 73% dos estadunidenses têm uma opinião desfavorável sobre a China e acreditam que o seu país deveria intervir diretamente na questão dos direitos humanos em Pequim.

Metade dos entrevistados defende a ideia de que a nação oriental deve ser responsabilizada pelo “papel que desempenhou” na pandemia do Novo Coronavírus (ou COVID 19).

Apesar de não apresentar pesquisas de opinião pública dos chineses sobre os Estados Unidos, o nosso autor afirma que há uma indisposição similar em relação ao governo de Joe Biden.

Não é preciso muito, segundo Dalio, para que os cidadãos de ambos os países comecem a exigir a escalada dos conflitos. Em última análise, seria razoável que os líderes políticos reconhecessem que a China e os Estados Unidos encontram-se em uma franca competição de sistemas e habilidades.

Cada um seguirá, inevitavelmente, uma ordenação que acredita funcionar melhor. Enquanto os Estados Unidos ainda têm uma ligeira vantagem (essa distância vem diminuindo com o passar do tempo), a China conta com um potencial de crescimento praticamente ilimitado.

China e Estados Unidos: a guerra tecnológica

A guerra tecnológica é muito mais séria do que os embates comerciais ou os conflitos econômicos, pois a nação que obtiver a liderança nesse campo também será, segundo o autor, a maior potência bélica de todo o mundo.

Na atualidade, os Estados Unidos e a China são os atores dominantes no setor tecnológico. Essa área abrange as indústrias que serão indispensáveis no futuro. O desenvolvimento chinês foi acelerado para atender ao seu mercado interno.

Consequentemente, os produtos chineses passaram a suprir demandas, cada vez maiores, nos mercados internacionais. Não obstante, a China continua altamente dependente de tecnologias dos Estados Unidos e de outros países.

Para o autor, essa dinâmica torna os Estados Unidos vulneráveis à concorrência das tecnologias chinesas. Em contrapartida, a China corre o risco de perder o acesso a insumos essenciais à sua economia.

Dalio sublinha que, embora os Estados Unidos aparentem ser detentores das maiores habilidades tecnológicas, isso varia de acordo com o tipo de tecnologia e, de modo geral, o país está, gradualmente, perdendo a liderança global nessa área.

O poder da criatividade

A humanidade progredirá devido, em grande medida, à criatividade das pessoas. Esse progresso ocorre de modo cada vez mais acelerado e beneficiará a sociedade como um todo.

As soluções mais relevantes que existem e as invenções que surgirão são capazes de melhorar a qualidade de vida e, também, o nível intelectual dos cidadãos. Essas invenções manifestam-se em avanços computacionais, inteligência artificial e outras tecnologias.

Como essas novidades podem ser diretamente aplicadas a inúmeros domínios da atividade humana, aprimorando os processos decisórios coletivos, parece óbvio ao autor que a prosperidade geral será intensificada, elevando rapidamente a produtividade das empresas e, em consequência, o bem-estar das pessoas.

Dito de outra forma, as habilidades computacionais e humanas se desenvolverão em ritmo acelerado. Ainda mais importante: o uso mais amplo da computação quântica e da inteligência artificial levará a avanços inimagináveis nos índices de aprendizado, alterando o equilíbrio de poder e de riqueza global.

Essas mudanças ocorrerão em graus variados nos próximos vinte anos, representando, segundo Dalio, um maior incremento de riqueza que a humanidade já viu.

Nesse sentido, a articulação entre a inteligência artificial e a computação quântica possibilitará maior liberdade para ver, entender e moldar o mundo ao nosso redor. Assim, o autor prevê que as próximas duas décadas serão marcadas, para sempre, como o mais importante período histórico de novas e grandes descobertas.

Notas finais

Cumpre ressaltar que Dalio identifica uma força positiva: a irrupção de novas tecnologias. Esse movimento pode compensar os elementos desagregadores em qualquer economia de mercado.

Nesse cenário, o autor prevê que a criatividade humana levará o mundo ocidental a grandes avanços. Em outras palavras, o próximo período histórico será marcado pela batalha entre a inventividade das pessoas e os ciclos de crises econômicas.

A pandemia do Novo Coronavírus exemplifica esse processo, uma vez que o campo da biotecnologia foi o responsável por salvar milhões de vidas com o desenvolvimento de vacinas. Por outro lado, as soluções digitais salvaram inúmeros empregos, com plataformas que possibilitam o comércio eletrônico e o trabalho remoto.

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Quem escreveu o livro?

Raymond Dalio é um investidor americano bilionário, gestor de fundos e filantropo. Dalio é o fundador da firma de investimentos Bridgewat... (Leia mais)

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